Tratamento por Onda de Choque
A terapia por ondas de choque extracorpóreas (ESWT, do inglês Extracorporeal Shock-Wave Therapy) consiste na aplicação de ondas acústicas de alta energia diretamente sobre a região do corpo lesionada, por meio de aparelhos específicos (focais ou radiais). Essas ondas penetram os tecidos e promovem estímulos mecânicos e biológicos que favorecem a regeneração tecidual, aumentam a vascularização local e reduzem inflamação e dor.
Por ser um método não invasivo, sem necessidade de cirurgia ou anestesia na maioria dos casos para sua aplicação, a terapia por onda de choque constitui uma ótima opção para pacientes com dor crônica ou lesões musculoesqueléticas que não responderam a tratamentos convencionais.

Contexto histórico
A história da terapia por ondas de choque se remete a observações feitas durante guerras, em especial a Segunda Guerra Mundial, nas quais se notou que explosões de bombas causavam danos internos em órgãos, como os pulmões, de soldados e mergulhadores, mesmo sem lesões externas aparentes.
Essa evidência de que ondas de choque tinham efeito sobre tecidos biológicos chamou a atenção de pesquisadores.
Nos anos seguintes, a ideia de usar ondas de choque em medicina evoluiu. A primeira grande aplicação clínica foi na especialidade de urologia para fragmentação de cálculos renais ou urinários. Mais adiante, a partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, pesquisadores e especialistas em ortopedia e reabilitação começaram a perceber que as mesmas ondas de choque, quando adequadamente moduladas (intensidade, foco, número de pulsos, etc.), poderiam exercer efeitos benéficos além da fragmentação de cálculos. Observou-se que elas estimulavam a regeneração tecidual, promoviam vascularização local, e podiam ajudar na consolidação óssea, na cicatrização e no tratamento de lesões relacionadas aos tecidos moles.
Assim, a técnica migrou da urologia para a ortopedia, traumatologia, medicina esportiva e reabilitação, dando origem ao que hoje conhecemos como TOC/ESWT para tratamento de tendinopatias, fasciopatias, lesões musculoesqueléticas e outras condições.
Indicações do Tratamento por Onda de Choque
Conforme o guia de indicações da Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Onda de Choque (SMBTOC), a terapia pode ser indicada para diversos problemas ortopédicos e musculoesqueléticos, especialmente problemas crônicos ou de difícil cicatrização, após falha de tratamentos conservadores convencionais. As principais indicações são:
Tendões / tendinopatias e bursas
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Calcificações periarticulares do ombro (tendinite calcária)
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Tendinite / tendinopatia patelar (joelho de saltador)
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Tendinopatia do tendão de Aquiles (tendão calcâneo)
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Epicondilite lateral ou medial do cotovelo (cotovelo de tenista / golfista)
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Síndrome dolorosa do grande trocânter / bursite trocantérica (quadril)
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Fasciopatia plantar
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Outras tendinopatias resistentes a tratamento convencional
Patologias ósseas / consolidação óssea
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Fraturas com retardo de consolidação ou pseudoartrose (fraturas não consolidadas)
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Fraturas por estresse ou consolidação tardia
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Necrose avascular óssea, sem desarranjo articular
Patologias musculares / miofasciais
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Síndrome dolorosa miofascial (pontos-gatilho)
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Lesões musculares crônicas ou com cicatrização tardia, sem descontinuidade franca
Pele / partes moles / cicatrização
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Feridas crônicas não cicatrizadas
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Úlceras de pele / lesões de difícil cicatrização
Vantagens do Tratamento por Onda de Choque
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Alívio da dor e melhora funcional, em muitos casos, já após as primeiras sessões.
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Estimula a regeneração tecidual e acelera a cicatrização, facilitando recuperação de tendões, músculos e ossos.
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Modula o processo inflamatório da área lesionada.
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Alternativa pouco invasiva.
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Evita cirurgia, anestesia e longos períodos de afastamento.
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Pode permitir retorno mais rápido às atividades diárias e esportivas, o que é especialmente relevante para atletas.
Como é Realizado o Tratamento
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Geralmente o tratamento envolve 3 a 5 sessões, com intervalos semanais, podendo variar conforme a patologia e resposta clínica.
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A ponteira do aparelho (focal ou radial), a intensidade e o número de disparos são ajustados conforme as caracterísitcas da lesão e tolerância do paciente.
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O procedimento deve ser precedido de avaliação médica com exame clínico e de imagem da área a ser tratada.
Considerações Importantes
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O tratamento por onda de choque deve ser indicado e realizado somente por médico habilitado.
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Em alguns casos, pode haver desconforto durante a aplicação, e reações leves como inchaço e/ou vermelhidão temporários; complicações mais graves são raras.
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O resultado costuma ser avaliado cerca de 3 meses após o término do tratamento.







